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Santa Sara kali ou Sainte Marie de la Mer foi parteira de Maria                     e por isso Jesus a teria em alta estima. 
Conta à lenda que Maria Madalena, Maria Jacobé,                     Maria Salomé e Jose de Arimatéia, Trofino, junto                     com Sara foram atirados ao mar por judeus em um barco sem remos                     nem provisões.
Sara teria pedido a Jesus que os salvasse, prometendo a ele                     que se os salvassem, passaria o resto de seus dias com a cabeça                     coberta por um lenço (diklô). 
Milagrosamente foram salvos chegando a Saintes Marie onde dizem                     terem sido ajudados por um grupo de ciganos, razão pela                     qual se pode explicar porque os ciganos a elegeram como sua                     protetora, já que não se sabe ao certo o porquê.
A história de Santa Sara está ligada ao culto                     às Virgens Negras (Kali em em sânscrito significa                     negra). Sara era de origem egípcia, provavelmente vivia                     como escrava de Maria. Sua imagem encontra-se na igreja de Saint                     Michel, na cidade de Saint Marie de la Mér, na foz do                     rio Ródano, região da Provença, sul da                     França.
Santa Sara é a protetora da Maternidade, auxiliando mulheres                     com dificuldade de engravidar. Os dias 24 e 25 de maio são                     dedicados a sua festa por ciganos em todo o mundo, onde sua                     imagem é levada ao mar e lavada, abençoando o                     mar, a terra e os ciganos.
 
  
                Os Ciganos
                
Acredita-se que os ciganos tenham se originado do continente                     indiano, espalhando-se pela Europa principalmente na Hungria,                     Romênia, Bulgária, Turquia e Áustria. A                     língua dos ciganos é o romanês, idioma muito                     próximo às línguas indo-arianas. O povo                     Rom (ciganos) é nômade. Eles não criam apego                     aos lugares, criando sua própria cultura e passando de                     geração para geração por meio da                     linguagem. 
É um povo fechado e com muitas tradições                     como o casamento cigano.
Esse casamento preferencialmente deve ser fito com alguma pessoa                     do próprio clã embora seja permitido um cigano                     casar-se com uma gadji (mulher não cigana). Cabe a mulher                     não cigana familiarizar-se com as tradições                     (na tradição cigana os noivos costumam cortar                     os pulsos com punhais, selando a união com sangue).
É comum o dote, ou seja, a doação de jóias                     e dinheiro por parte dos pais, para que o casal tenha condições                     de começar a vida. A festa costuma durar dias, donde                     a comida, bebida, música e dança são obrigatórias. 
Após a cerimônia acontece a núpcias do casal                     onde a virgindade da noiva é confirmada ao grupo estendendo                     o lençol manchado do sangue.
O homem tem grande importância dentro do grupo cabendo                     a ele garantir o sustento da família (normalmente são                     comerciantes, amestrador de animais, ferreiros). 
Cabe a mulher garantir a procriação da família.                     Durante a gravidez a mulher tem um trato especial no qual o                     clã evita qualquer aborrecimento durante esse período.                     O nascimento dos filhos é outro momento de destaque na                     vida dos ciganos. A criança é recebida com muita                     festa. O primeiro banho do bebê é um grande ritual                     onde ela é banhada com as jóias da família,                     mel, vinho, flores para que a criança tenha uma vida                     próspera. O primeiro nome da criança é                     um segredo que somente a mãe sabe, pois este nome é                     falado junto à orelha da criança. Essa tradição                     se deve ao fato dos ciganos acreditarem que entidades maléficas                     chamam as crianças pelo nome e elas atendem. 
Ninguém saber o verdadeiro nome da criança é                     tido como uma forma de afastar a negatividade. Os ciganos são                     muito alegres e suas festas costumam durar dias. A presença                     da música é obrigatória. Geralmente os                     homens tocam seus violinos e sanfonas e as mulheres acompanham                     com seus pandeiros e palmas ritmadas. 
A fogueira faz-se presente em quase todos os festejos, pois                     acreditam que ela traga energias positivas.
O povo cigano é muito ligado à natureza. O sol                     e a lua são importantes em seus costumes e são                     marcados pelo contato com a terra e a chuva.
A morte para o cigano é encarada como uma passagem para                     um mundo melhor, por isso é dada uma festa onde se prepara                     os alimentos que a pessoa mais gostava.
Os ciganos respeitam muito as pessoas mais velhas por considerarem                     que os anos lhes trazem conhecimento. Os mais idosos costumam                     ser conselheiros do grupo. 
Não há uma religião específica,                     geralmente os ciganos consideram Santa Sarakali como sua protetora. 
OS CIGANOS NA ESPIRITUALIDADE
                
                Os espíritos ciganos atuam dentro do Umbanda onde possuem                       um ritual específico e diferenciado das demais entidades.                       São espíritos de luz, portanto devem ser diferenciados                       dos exus ciganos e pomba-gira ciganas.
  
                Seus rituais são alegres, festivos, onde são                       utilizadas flores, frutas, velas coloridas. Possuem o dom                       da magia e costumam trabalhar com diversos oráculos.                       Preferem músicas ao som dos atabaques, habituando-se                       a beber licores, fumar cigarros aromatizados, comerem carne                       assada, frutas e doces.
  
                As ciganas gostam de roupas coloridas, anéis e pulseiras                       douradas, pandeiros com fitas coloridas. Os homens geralmente                       usam botas, calças, camisas e coletes, também                       com cores chamativas. Não gostam muito da cor preta                       e a evitam.
OS ORÁCULOS E                       OS CIGANOS
                
                Os ciganos têm a tradição de ler a sorte.                       Para isso usam seus dons e os aprendizados que foram passados                       pela oralidade de geração a geração. 
  
                A quiromancia (leitura das linhas das mãos) é                       habitual das mulheres ciganas, sendo aprendida desde criança.                       Usam também a cartomancia e podemos ver ciganos utilizando                       objetos simples do cotidiano que podem ser levados a qualquer                       local.
  
  Outros oráculos                       utilizados pelos ciganos:
  
  > Piromancia:                       leitura da sorte na chama da vela.
  
  > Dadomancia:                       leitura da sorte nos dados.
  
  > Acutomancia:                       previsões por meio de agulhas.
  
  > Jogo de sementes:                       alguns ciganos homens costumam fazer analises por meio de                       caroços de frutas.
  
  > Bola de cristal:                       utilizada geralmente por mulheres como clarividência.                       Elas se concentram e conseguem visualizar imagens do presente                       e futuro na bola de cristal.
  
  > Cafeomancia:                       análise da borra de café.
  
  > Jogo das patacas:                       jogado por homens e mulheres que utilizam as moedas como meio                       de prever e orientar.
  
  > Cristalomancia:                       adivinhação por pedras preciosas (cristais).
  
  > Ceromancia:                       análise feita por meio de cera quente, pingada sobre                       uma superfície seca ou com água.     

